Por Henrique Morgantini
A Plator Engenharia e Meio Ambiente é mais uma empresa contratada pela gestão Márcio Corrêa (PL) por intermédio de Adesão de Ata, que é quando a prefeitura aproveita uma licitação de outras cidades para comprar produtos ou serviços para o município. Mesmo sem um projeto de Engenharia e Arquitetura em vista, e ter anunciado a suspensão das obras em andamento, a gestão municipal sentiu necessidade de reservar mais de R$ 33 milhões para pagar por projetos desta natureza.
Neste caso, a secretaria de Rone Evaldo Barbosa, que responde pela Infraestrutura, buscou a empresa, cuja sede é em Nova Lima (MG), através de um consórcio de cidades chamado Cidrus – Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento Rural Sustentável. O Cidrus tem sede na tímida cidade de Candeias (MG). O contrato com a Plator é vultoso: R$ 33.206.669,05.

A Plator tem como donos o casal Juliana Gonçalves Oliveira e Raphael Eduardo de Melo Silva e, apesar da empresa ser em Nova Lima, ambos residem na cidade de Brumadinho, também em Minas Gerais. Conhecido como “Raphael da Projeta”, o empresário se enveredou pela política e foi candidato a vice-prefeito pelo Avante no município que ficou conhecido mundialmente pelo desastre da barragem que matou 272 pessoas. Ele perdeu a eleição em 2024 tendo “Guti da Premoldados” como cabeça de chapa.

INIDÔNEA
E é pela “fama” da sua empresa, a Projeta – Consultoria e Serviços Ltda, que surge a primeira situação curiosa do casal de empresários que foram achados por Rone Evaldo Barbosa e Márcio Corrêa em Anápolis, distante 850 quilômetros de Nova Lima. A Projeta possui uma suspensão temporária por descumprimento de contrato firmado junto ao Estado do Espírito Santo, de acordo com a Lei nº 8666/93, art. 87, inc. III, que versa sobre “inexecução total ou parcial de contrato com ente público”. A lei é conhecida como “Lei das Licitações’.
A empresa encontra-se proibida de transacionar com o Poder Público até maio de 2025. No Portal da Transparência, tanto “Raphael da Projeta” quanto Juliana Oliveira são donos de uma empresa considerada “inidônea”.
São estes empresários, no entanto, que vão comemorar terem sido encontrados numa adesão em Anápolis, Goiás, para prestar serviços no valor de R$ 33 milhões, através de outra empresa, a Plator. Sorte para poucos.
Ao contrário da Projeta, a Plator não possui restrição.
Este é o segundo contrato feito pela Secretaria de Infraestrutura de Anápolis feito com base em Adesão de Ata. Também é a segunda adesão feita por um consórcio de cidades de Minas Gerais. Sob o comando de Rone Evaldo Barbosa, Anápolis já reservou mais de R$ 86 milhões sob esta modalidade, com a Plator Engenharia e com a São Bento Lighting, empresa sediada em Senador Canedo e de propriedade do megaempresário do setor público Fernando Urzeda.
Ainda não foi revelada pela Prefeitura de Anápolis qual a finalidade da atuação da Plator Engenharia e Meio Ambiente ou quais os projetos que o escritório de Nova Lima irá desenvolver na cidade. De todo modo, desde a publicação no DOM, a empresa está contratada.
MÚLTIPLAS EMPRESAS
As peculiaridades do casal Raphael e Juliana continuam. Isto porque, além da Plator Engenharia e da “Projeta – Consultoria e Serviços”, ambos são sócios em mais cinco empresas. São elas: Objetiva Projetos e Serviços, Move Manutenção, Sólida Engenharia e Meio Ambiente, Compasso Engenharia e Projetos e Sonda Geotecnia.
Até aí, tudo pode parecer o cenário de um casal sucesso no interior de Minas Gerais. No entanto, das sete empresas, seis possuem os mesmos CNAE – Classificação Nacional de Atividades Econômicas – com atuação em “Serviços de engenharia; Coleta de resíduos não-perigosos; Administração de obras; Comércio atacadista de resíduos e sucatas metálicos; Serviços de arquitetura, entre outros.
São empresas diferentes, com mesmos donos, que competem entre si por um mesmo nicho de mercado. No mínimo, um fetiche comercial.
MESMO LUGAR
Outra característica das empresas coirmãs da Plator, que atuará em Anápolis, é que ao menos cinco, além de serem concorrentes, também funcionam no mesmo endereço: no número 3280 da Avenida Barão Homem de Melo, no Bairro Estoril, em Belo Horizonte.

Em meio a tantos negócios de Engenharia e projetos pesados de Meio Ambiente e Arquitetura, ainda sobra tempo e disposição do casal da Plator ter um… Café.
O “Projeta Café” é o oitavo CNPJ da família Projeta/Plator. Classificado como “lanchonete, casa de chá, de sucos e similares”, o projeto gastronômico do casal funciona no mesmo endereço das empresas de Engenharia. O café divide espaço com máquinas de perfuração, e demais equipamentos pesados que se presume haver em empresas desta natureza. Talvez cenário deve conferir ao café um ambiente singular. Apesar dos apelos das cafeterias com seus espaços “charmosos e instagramáveis”, o Café Projeta não tem sequer uma conta no Instagram para divulgar seu ambiente ou seus lanches, sucos, chás e similares.
DESDOBRAMENTOS
Como parâmetro, esta reportagem citou apenas as empresas que possuem a pessoa física de cada um dos integrantes como sócios. Se levado em conta as empresas com a mesma finalidade de atuação (Engenharia, Meio Ambiente, Arquitetura, etc.), há empreendimentos mais complexos de “consórcios de empresas” como os consórcios Pitágoras, Pantanal Engenharia, Minas Projetos e a Sociedade de Propósito Específico (SPE) Objetiva Rio Metrópole.
Todas as empresas citadas acima, e algumas outras da sociedade direta, competem entre si pelo mercado de projetos em engenharia e também funcionam num mesmo endereço: as salas 1303 e 1304 do Edifício Belvedere, no número 80 da Rua Desembargador Jorge Fontana, em Belo Horizonte.