O trabalho científico da Polícia Civil, através da investigação que culminou na Operação Máscara Digital, elimina quaisquer dúvidas sobre a participação de Denilson Boaventura, sócio do site Portal 6 e agora ex-diretor da Câmara Municipal, de Luis Gustavo Rocha, ex-secretário de Comunicação de Márcio Corrêa (PL), e Ellysama Aires.
Com riqueza de detalhes, a investigação conseguiu chegar a dados como os IPs, os horários, o IMEI dos celulares e até mesmo as redes de internet residencial que foram usadas pelo trio para as postagens.
Além disto, o inquérito chega à conclusão de que as postagens estavam longe de serem aleatórias, mas do contrário: tinham alvos preferenciais e promoviam perseguição, sobretudo a políticos ligados ao ex-prefeito Roberto Naves e outros ex-assessores e jornalistas.
ORIGEM
Conforme mostrou a investigação, a página Anápolis na Roda foi criada, originalmente em 31 de julho de 2014, sob o nome “Anápolis Humorada”. Em seguida, tornou-se Impactou Anápolis e, por fim, “Anápolis na Roda”.
Em 13 de dezembro de 2024 foi criado o email anapolisnaroda@gmail.com. Em seguida, atrelaram o e-mail à conta, através do número 62-982422831, um número pré-pago, registrado no nome de José Mário Francisco Silva em 05 de dezembro de 2024.
O grupo teria usado o CPF e o nome de José Mário para o registro. Mas quem pagou as custas para a linha junto à TIM foi outro nome: Leandro Pereira de Sá. A operação foi feita através de um pix criado junto ao Nubank três anos antes, em maio de 2021.
Conforme apuraram as investigações da Polícia Civil, Leandro não teve participação nos crimes praticados. Os nomes e CPF teriam sido usados pelo grupo para regularizar a conta difamatória ao mesmo tempo em que se escondiam em seus celulares, cuidando das postagens.
MÉTODO
A investigação usou quatro postagens diferentes para exemplificar o sistema de identificação usado para descobrir quais redes foram usadas. Um destes exemplos é uma postagem difamatória contra a médica Marcela Pimenta. Ela foi, por muito tempo, alvo preferencial do grupo.
Na postagem contra a médica e suplente de vereadora, identificou-se que foi usado o contrato de internet do marido de Luis Gustavo Rocha, Diego Cavalcante Fernandes.
Outra postagem usada como referência para a investigação identificar a origem das postagens através dos IPs é contra a empresa ExplorerNet. Ela foi feita por Denilson Boaventura, sócio do Portal 6 e ex-diretor da Câmara Municipal. Curiosamente ele está usando a conexão da empresa que é alvo do ataque.
O celular de Denilson Boaventura, da Operadora Claro, foi usado em diversas vezes para realizar a mesma postagem em perfis diferentes, como o Anápolis na Roda 2 e Anápolis na Roda 3.
A rede pessoal da residência do sócio-fundador do Portal 6, o jornalista Danilo Boaventura, também foi usada. Ele foi qualificado na investigação, mas o inquérito chega à conclusão de que a postagem foi feita por Denilson, seu irmão, em uma das visitas à sua casa, e não pelo jornalista.
CONCLUSÃO
A investigação aponta autoria e responsabilidade direta de Denilson da Silva Boaventura, Luís Gustavo Souza Rocha e Ellysama Aires Lopes de Almeida. Conforme a conclusão, Ellysama Aires demandava Denilson e Luís, acerca das publicações a serem realizadas na página, inclusive com publicações de cunho pessoal.
Tanto Diego Cavalcante quanto Danilo Boaventura, embora investigados inicialmente, são eximidos de qualquer responsabilidade. Seus nomes são mencionados apenas porque é da rede deles que algumas postagens são feitas.