A fila de espera para a realização de um exame de ultrassom pelo Sistema de Regulação de Anápolis chegou ontem (quinta-feira, 24) à marca de 58.959 pedidos. A informação foi apurada com exclusividade pelo Anápolis Diário (AD) que recebeu a imagem e realizou a confirmação da informação com servidores da Saúde Municipal. Eles ainda deram detalhes dos procedimentos e entraves enfrentados.
Isto não significa que quase 60 mil anapolinos estão aguardando na fila, uma vez que muitos pacientes podem ter mais de uma solicitação feita pelo médico. Outro ponto importante é que a regulação não atende exclusivamente o município, mas cobre também a Macrorregião Pireneus. A regulação atende a municípios como Abadiânia, Alexânia, Anápolis, Campo Limpo, Cocalzinho de Goiás, Corumbá de Goiás, Gameleira de Goiás, Goianápolis, Pirenópolis e Terezópolis de Goiás.
“É preciso dizer que num ambiente de 560 mil pessoas cobertas nestas cidades, 90% das demandas seguramente são de Anápolis que, por razões populacionais, é o grande município que requer atendimentos e exames pelo SUS”, explica um experimentado técnico da Saúde de Anápolis. Ele concedeu informações sob a condição de anonimato.
PREJUÍZOS
Além da falta do exame em si para um diagnóstico, o principal impacto deste acúmulo é que a falta dos exames impede a continuidade de atendimentos médicos e, ainda, a realização das cirurgias eletivas. “Se o exame é o guia do médico para uma indicação cirúrgica ou mesmo a realização do procedimento, sem ele, tudo trava”, completa outro servidor com grande experiência em gestão do sistema.
“Para se der uma ideia do acúmulo de pedidos, no final de 2024, este número de solicitações de exames era de 32 mil. Em 90 dias, houve quase que a duplicação da espera”, revela a fonte que acompanha periodicamente a alimentação do sistema, como na imagem vista acima.
“A lista deve estar inchada já que muitos podem ter desistido de esperar e buscado a realização do exame por outros meios, como o pagamento a clínicas particulares. É preciso higienizar esta lista retirando os nomes daqueles que já realizaram o procedimento”, analisa. O AD questionou qual seria o tempo médio de espera para a realização do exame em uma lista de espera com mais de 58 mil pedidos. “Tem paciente aí esperando há mais de um ano e meio, tranquilamente”, informa.
A grande dificuldade com o exame de ultrassonografia é que, ao contrário de outros procedimentos investigativos, ele não pode ser feito por técnicos, mas somente por um médico, o que encarece o exame. Uma das soluções encontradas para “convencer” clínicas conveniadas a realizarem o ultrassom pelo SUS seria a complementação, ou seja, o pagamento de um “extra” para que o valor se torne mais atrativo aos conveniados ao Sistema Único de Saúde.