Uma notificação extrajudicial assinada pelo diretor jurídico da Companhia de Desenvolvimento de Goiás (Codego), Allen Viana, está circulando entre os vereadores da base do prefeito de Anápolis, Márcio Corrêa (PL). No documento há um pedido de devolução de uma área de pouco mais de 500 metros quadrados que estaria sendo usada pela Aurora EADI.
Até aí, este seria um dos inúmeros assuntos da agenda jurídico-empresarial envolvendo indústrias do Daia, não fosse por um detalhe: a Aurora, empresa citada na reivindicação, não recebeu qualquer notificação sobre o assunto. Com isto, é possível que o grupo político ligado ao gabinete municipal tenha recebido o vazamento do documento antes mesmo de a empresa ser notificada.
Ao ter acesso ao documento, o Anápolis Diário (AD) entrou em contato com a empresa a fim de saber informações que confirmassem ou não o uso indevido da área. A surpresa da resposta foi a de que a empresa estaria sendo informada pelo AD sobre este questionamento extrajudicial.
Após obter esta informação, o Anápolis Diário (AD) também entrou em contato com a Codego, através de sua assessoria de Comunicação, para questionar a veracidade da notificação assinada por um diretor da companhia, ou mesmo para saber se haveria algum tipo de fraude. Até o fechamento desta reportagem, não houve retorno sobre as questões levantadas e nenhuma confirmação ou explicação.
EMPRESA
“Vamos esperar a notificação e até solicitamos que a Codego nos confirme se existe mesmo este documento, para só então tomarmos quaisquer providências”, explica o representante legal da empresa em Goiás, Carlos Andrade.
Ele ainda destaca o que considera um “desrespeito com o rito das relações institucionais”. “Estou sabendo e sendo, em tese, informado de um documento pela imprensa. Um documento que está passando nas mãos de vereadores ligados ao prefeito”, lamenta.
Andrade afirma que “se for o caso”, a empresa pode até mesmo adquirir a área. “Se após todos os estudos, restar provado que há qualquer uso de um espaço que não nos pertence, vamos buscar a regularização da forma como a Codego quiser fazer”, completa.
RELAÇÕES
Há ao menos duas semanas, a Aurora afirma ter entregado todos os documentos pendentes e obtido todas as autorizações mediante fiscalizações municipais para obter o Alvará de Funcionamento junto à Prefeitura de Anápolis.
Apesar do discurso entusiasta da vinda de novas empresas e do incentivo ao funcionamento enquanto cede tempo para a regularização, a postura de Márcio Corrêa com a Aurora difere de sua fala. “Só depende dele. Já acordamos um TAC [Termo de Ajustamento de Conduta] com a Secretaria do Meio Ambiente o que nos deixa aptos a funcionar. Resta somente a assinatura por parte da gestão municipal. Mas, sinceramente, não entendemos nenhum motivo plausível e republicano que nos impeça de começar a cumprir nosso contrato com a Receita Federal”, conclui o representante.
