Dona Lúcia está com o marido internado no Hospital Alfredo Abrahão. Ele está com alta médica, mas não consegue ir para casa porque, apesar das promessas, a Prefeitura de Anápolis não forneceu o oxigênio domiciliar esperado para sua transferência.
O marido de dona Lúcia é um dos três idosos que aguardavam o serviço que nunca chega. Agora são somente dois: no último final de semana “Seu Benone” morreu no mesmo hospital porque não conseguiu ir para casa. “Não quero que outras famílias passem pelo que estou passando”, disse ao Anápolis Diário dona Leia, filha do Seu Benone na reportagem “Deixados para Morrer”.
A fala da filha do idoso morto no último fim de semana não poderia ser mais premonitória. Agora, é a vez de Dona Lúcia que pede ajuda num último grito de desalento.
“SÓ PROMESSA”
“Ninguém faz nada. Estou com o meu esposo na mesma situação. Já fui em todos os lugares. Estou cansada de tanto andar e eles ficam fazendo jogo, um joga para o outro. Não sei o que fazer”, desabafa Dona Lúcia.
“A gente não tem ajuda de ninguém. É só promessa. Eu queria intimar a Prefeitura porque o problema está lá”, diz a idosa que revela o temor de que seu marido tenha o mesmo destino de Seu Benone. O idoso ficou um mês à espera do equipamento e, neste período, adoeceu novamente por conta do ambiente hospitalar e morreu por conta de uma infecção.
“Não vou ficar com medo. A gente paga imposto desde quando está no ventre da mãe. Não quero favor: a gente tem direito a este oxigênio”, desabafa a aposentada. Ela relata que desde o dia 08 de abril está “prometido” na regulação municipal a instalação. Mas, assim como no caso do Seu Benone, o oxigênio nunca chegou.