Márcio Corrêa, prefeito de Anápolis, não aguentou a pressão interna pelo grotesco vídeo em que expõe órfãos e faz comentários cruéis com a condição de orfandade de cada um deles. “Quem quer ir embora comigo”, pergunta o prefeito em tom de gincana.
Como um Silvio Santos do Mal, Corrêa oferta um prêmio que ele não iria entregar. E não entregou. O que entregou – por cerca de um par de horas – aos seus seguidores foi um espetáculo de horrores que, após recobrar um mínimo de sanidade, decidiu apagar.
Não é a primeira vez que Márcio Corrêa revela a todos o que ele pensa, como age e como enxerga pessoas em situação de vulnerabilidade. Na verdade, a sua postura diante destes grupos revela muito mais sobre ele mesmo que sobre seus alvos, afinal estes já estão expostos à própria miséria.
Antes do vídeo em que importuna pessoas em situação de rua dando-lhe um ilegal ultimato de “ou trabalha ou vaza” (ao qual ele nunca mais retornou ao relato dizendo se deu ou não o emprego que prometeu a
Na reta final de campanha, Márcio Corrêa apontou para um ônibus da Urban, que realiza transporte coletivo no município, e zombou: “olha aqui, ta aqui ó os eleitores do Lula”. A repercussão foi péssima por motivos óbvios. A saída do então candidato e já virtualmente eleito foi apagar o vídeo e fingir que nada havia acontecido.
Trabalhadores pobres, moradores de rua e órfãos tem sido alguns dos grupos preferenciais do prefeito para “movimentar as redes” e ganhar likes e comentários elogiosos.
Quando recebe ponderações críticas em seu perfil, não se faz de rogado: manda apagar todas elas, assim como faz com vídeos que “não dão o engajamento necessário”.
E aos poucos, mas bem intensamente, os seus seguidores e todo o resto da cidade vão descobrindo como é a visão de Márcio Corrêa sobre alguns segmentos sociais, como é o seu tipo de humor e, principalmente, o que ele conseguiu fazer para mudar a vida destas pessoas.
Ou a cidade em que elas moram.