As suspeitas envolvendo fraudes em cotas de gênero na formação das chapas partidárias na campanha municipal de 2024 tem potencial para mudar o perfil da Câmara Municipal. A dança das cadeiras pode atingir até quatro parlamentares eleitos e que já ocupam seus mandatos.
Com diferentes níveis de indícios, provas e até mesmo com uma confissão registrada em cartório, os casos serão apreciados pela Justiça Eleitoral, uma vez que em todas as três situações já existem representações de outros partidos pedindo a anulação da chapa. Isto levaria a um processo de recontagem de votos e redistribuição das vagas.
Acompanhe agora os partidos, como é cada caso e quem está sob risco de perder o mandato, caso assim seja decidido pela Justiça:
Podemos – Soraya Mafra, 10 votos
O caso do Podemos pode ser considerado o mais grave e explícito de todos. Afinal, ele começa com uma confissão pública, literalmente lavrada em cartório. A pedagoga Soraya Mafra (Podemos) realizou uma escritura pública declaratória no 1º Cartório de Ofício de Notas de Anápolis na qual afirma ter fornecido o seu nome para ocupar a chapa de candidatos a vereadores do Podemos nas eleições de 2024 apenas cumprir a cota feminina.
Soraya Mafra teve somente 10 votos na sua “campanha”. Ela afirma na declaração que o “Podemos julgou ser vantajoso somente a candidatura dela, pois necessitavam compor os 30% referente a candidaturas de mulheres”.
Se comprovada a fraude que ela mesmo já “confessou”, a prática pode levar até mesmo à cassação de toda a chapa e tirar da Câmara outro reeleito: Reamilton do Autismo.
PSD – Graça Arruda, 16 votos
Com apenas 16 votos e tendo recebido mais de R$ 6,1 mil de verba partidária, cada voto da então candidata Graça Arruda custou mais de R$ 383 para ser conquistado. Seu baixo desempenho não é o problema, mas sim, o perfil de gastos que ela realizou com verba pública destinada à campanha. Nos extratos bancários que Graça Arruda enviou ao Tribunal Superior Eleitoral na prestação de contas, há repasses via PIX a “Aquiles Arruda”, um pagamento para uma farmácia e até mesmo uma transferência de R$ 100 para uma loja de produtos agropecuários.
Se comprovado o mau uso da verba eleitoral, a chapa corre o risco de ser anulada. Hoje, o PSD conta com dois vereadores novatos que entram em alerta: Carlim da Feira e Divino Santa Cruz.
*União Brasil – Sumaya Miguel, 13 votos*
O caso menos contundente é o do União Brasil, mas ainda assim sob contestação. A então candidata Sumaya Miguel foi integrou a cota feminina do partido. Alguns pontos despertam dúvida sobre seu projeto ser mesmo efetivo.
Um deles é o próprio desempenho. Com 13 votos, a candidata não teve consistência eleitoral. O partido, por sua vez, não investiu em seu projeto já que ela recebeu somente R$ 700 para a campanha. Acontece que ela não gastou nem mesmo este pouco investimento, suspeitando que não fez campanha.
Outra situação é a gravidez de risco. A alegação de Sumaya é que, durante a campanha, sua gravidez lhe impediu de percorrer uma agenda de campanha.
No entanto, reportagem do Anápolis Diário, revelou que ela já sabia ainda no primeiro semestre de 2024 que seu processo de gravidez era considerado de risco, a ponto de ela ter procurado atendimento com base nesta condição.